A visão de Marx e
Engels sobre a sociedade é extremamente crítica no que se refere ao capitalismo
no século XIX. E como o sistema capitalista se consolidou e permanece hoje mais
dominante do que nunca, essa análise se faz importante.
Para Marx e Engels a
sociedade do século XIX, profundamente marcada pela ascensão industrial e pelas
relações capitalistas, se apresenta com enormes desigualdades sociais, além de
uma imensa exploração que é feita pela burguesia sobre a classe dos
trabalhadores. Nesse cenário de injustiça social, onde os patrões buscam cada
vez mais aumentar seus lucros explorando os empregados, é apresentada uma
imensa contradição social: a produção da riqueza é feita por muitos
(proletários), mas a apropriação dessas riquezas é feita por poucos
(burgueses).
Segundo Marx e
Engels, esse sistema social, o capitalista, poderia e deveria ser superado com
a instalação de uma nova sociedade, a qual garantisse a igualdade a todos os cidadãos.
Realizar-se-ia, assim, uma superação das diferenças de classe e da exploração
entre as pessoas. Isso, porém, não seria fruto da caridade do grupo dominante,
a burguesia; mas sim, resultado da luta e da conscientização da própria classe
trabalhadora, o proletariado.
Fica claro, então,
que na concepção de Marx e Engels, os trabalhadores seriam os próprios agentes
de sua libertação. É aí que se insere o importante papel de conscientização da
educação. Educação aqui, vai muito além das quatro paredes de uma sala de aula
ou dos muros de uma escola. Educar, nesse contexto, vai ao mais profundo do seu
sentido, que é gerar consciência, que é fazer brotar ou renascer no indivíduo a
dignidade perdida.
Marx e Engels
compreendiam que somente o conhecimento seria capaz de realizar as
transformações sociais necessárias, e assim superar o sistema capitalista. Esse
conhecimento conscientizador se daria por meio da organização sindical e
político-partidária dos trabalhadores. É esse conhecer e participar ativamente da
luta trabalhista que faria o trabalhador passar de uma condição de objeto da
história a sujeito transformador; destruir o Estado burguês que sustenta e é
sustentado pelo capitalismo; e implantar a nova sociedade igualitária.
A visão de Marx e
Engels, apesar de nascida e desenvolvida no meio operário, pode ser inserida na
construção de uma escola para todos. Se o discurso de Marx e Engels visa gerar
uma sociedade participativa e igualitária, o ambiente escolar é o local ideal
para que esse modelo social seja pensado e gerado.
Todo educando, ainda
que criança, é um ser, um cidadão e um trabalhador em potencial. São
esses alunos que, num futuro breve, estarão imersos no mundo do trabalho e da
política, estarão construindo e trilhando os caminhos das relações sociais. É
na escola, depois da família, que eles experimentam ainda cedo e de forma mais
profunda, o que é ser membro de um grupo social, a terem direitos e deveres, a
agirem em prol do bem comum.
Portanto, o ambiente
escolar precisa propiciar ao educando, em qualquer idade ou série, condições
para a construção de uma consciência de sociabilidade e justiça. Nessa missão,
todo o corpo escolar - quer direção, funcionários, professores ou alunos -
precisa assumir seu papel como agente. Toda função na escola deve ser
valorizada. A hierarquia não deve ser vista como superioridade ou desigualdade
de valores, mas sim como pessoas que se complementam e que são reciprocamente
necessárias. Oportunidades importantes de uma participação efetiva dos membros
da escola se apresentam em várias ocasiões, como por exemplo, reuniões de pais
e professores, conselhos de classe, eleições de líderes de turma, dentre
outros.
No pensamento de Marx
e Engels, a mercadoria não pode ter mais valor do que o trabalhador que a
produziu. Da mesma forma, na escola o conhecimento não pode estar acima das
pessoas. O conhecimento é importante porque ele é gerado por pessoas e porque
pode – e deveria sempre ser – usado para o bem da humanidade. Por isso, a
escola deve ser a semente e, ao mesmo tempo, um dos frutos da sociedade justa,
solidária e igualitária; a qual só se constrói com a participação coletiva.
Parabéns por seu blog, gostei muito e vou voltar sempre aqui, sou estudante de pedagogia e seu texto me ajudou muito.
ResponderExcluirQue texto maravilhoso, obrigada!
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